sexta-feira, 12 de julho de 2013

Claude Bernard, parte I

Hoje, 12 de julho de 2013 é um dia significativo, pelo menos para este que vos escreve.
Por diversos motivos, mas cabe aqui destacar apenas dois deles:
1º o bicentenário do nascimento de Claude Bernard (1813-1878); 
2º depois de um tempo  de estudo eu aprendi um pouco mais sobre o que é história da ciência e algumas coisas importantes sobre historiografia da história da ciência.
A respeito do segundo ponto eu darei maior profundidade num próximo post. O de hoje é pra celebrar os 200 anos do nascimento de Claude Bernard!
Homenagem do google.fr em 12/07/2013 feita ao fisiologista Claude Bernard.






Num esforço de não deixar o post com cara de Wikipédia eu vou tentar abordar aspectos da vida desse fisiologista que mudaram mais ainda minha concepção de ciência.  



 Claude Bernard foi um médico fisiologista que nasceu em Saint Julien, na França. Seus pais eram trabalhadores de uma vinícola na região de Beaujolais (hoje consumirei tal vinho!). Seu trajeto estudantil e profissional foi basicamente entre Lyon e Paris. Primeiro ele saiu de sua cidade natal para trabalhar como aprendiz de boticário em Lyon, aos 19 anos de idade. Em seus estudos ele teve uma formação mais voltada para a área de humanidades  e por isso estava mais inclinado para o teatro e as letras do que para a medicina e/ou fisiologia. Chegou a escrever um drama-heroico (Arthur de Bretagne) e foi para Paris tentar seguir a carreira literária. Foi então que um crítico literário daquele período o aconselhou a primeiro conseguir um emprego de verdade para depois se dedicar aos escritos do gênero.

Trajeto de Claude Bernard de Lyon à Paris
No mesmo ano que ele tomou esse balde de água fria, que era o de 1834, ele entrou para a Escola de Medicina de Paris. Em 1839, ele foi aprovado no exame para a residência médica, foi o 26º numa lista de 29 aprovados, o que mostra que ele não era “um gênio”, um “homem expecional”, etc. Trabalhou como o que hoje conhecemos como  iniciação científica para François Magendie (1783-1855), o seu mentor e orientador. 

Entre 1834 e 1844 ele realizou diversos experimentos ligados à fisiologia. Como não tinha recursos próprios, ele utilizava dos laboratórios de alguns professores e de seus colegas de pesquisa. No ano de 1844 ele foi reprovado no exame para o cargo de professor na Escola de Medicina de Paris (outra baixa!) e decidiu que voltaria para sua terra natal para trabalhar como médico rural, atendendo a população local. Ele acabou não retornando,  pois se casou com a filha de um médico, cujo dote lhe garantiu recursos pra continuar na cidade com suas pesquisas.

No mesmo ano em que ele tomou esse balde de água fria, que era o de 1834, ele entrou para a Escola de Medicina de Paris. Em 1839 ele foi aprovado no exame para residência médica, foi o 26º num lista de 19 aprovados, o que mostra que ele não era necessariamente "um gênio", "um homem excepcional", etc. Claude Bernard trabalhou como o que hoje conhecemos como iniciação científica para François Magendie (1873-1855), o seu mentor e orientador.

Em 1847 ele começou a trabalhar como substituto de Magendie no Collège de France e daí pra frente as coisas progrediram muito em sua carreira. Claude Bernard passou por diversas instituições importantes da França e recebeu diversas premiações pelos trabalhos realizados em fisiologia. Em 1869 ele foi nomeado senador no império de Napoleão III.  

Suas principais descobertas foram realizadas entre 1843 e 1860. Mas 1865 foi o ano que marcou a carreira de Claude Bernard. Ano em que ele publicou o livro Introduction à l’étude de la médecine expérimentale (Introdução ao estudo da Medicina Experimental). Livro que até hoje é discutido no meio científico e filosófico. No meio dito científico por conta dos “roteiros experimentais” que ele estabeleceu com base em seus experimentos, no meio filosófico pela rica discussão sobre os métodos de experimentação com seres vivos. 
Capa da primeira edição do livro Introduction à l'étude de la médecine expérimentale.
Existem ainda diversas coisas para serem relatadas sobre ele, mas o que mais me chamou a atenção aqui e nas fontes que consultei é que Claude Bernard, pelo que mostram os documentos, não foi um gênio, um ser que descobriu e realizou tudo sozinho, ele cometeu erros, teve suas frustrações e reprovações, mas nem por isso deixou de ser reconhecido no meio em que atuava.

Bom, deixo aqui esta singela homenagem ao fisiologista que trouxe grandes contribuições para as ciências biológicas, mais especificamente para a fisiologia. E fica aqui a promessa de periodicamente postar alguns textos sobre seus experimentos e suas discussões sobre eles. 

Feliz aniversário Claude Bernard!